Ela tremia de frio. Tinha as mãos geladas. O nariz vermelho. Tentava respirar pausadamente, apesar do frio que lhe inquietava o corpo e alma. O telemóvel tocou. Tal como ela esperava. Aquele toque de uma qualquer música clássica. Bonita. Suave. Que a desperta. A respiração torna-se mais forte. O coração dispara. Ela olha. Não faz qualquer gesto para o atender. A música continua. Cala-se. Ela não se arrepende.
Somos efectivamente um povo estranho... Anda toda a gente a criticar a ASAE e as suas actuações. Bolas! Simplesmente tal como se critica (e eu também critico!) a BT, PSP ou GNR! e o que de facto é verdade, é que quando as desgraças acontecem é muito bom eles estarem por perto, certo? E as desgraças devem-se na sua quase totalidade ao não cumprimento da lei, quer na estrada, quer na cozinha. Podíamos discutir se, apesar de ser lei, é o mais correcto, no entanto mesmo que não seja o mais correcto, é lei e tem de ser cumprida. Entenda-se de uma vez que se a porra das bolas de berlim andarem em caixas sujas podem causar doenças às pessoas. Que se usarmos uma colher de pau ou uma tábua de madeira, aquilo acumula porcaria que se farta, o que pode pôr as pessoas doentes. Que se soubermos que estamos a comer uma fantástica açorda, feita com um magnífico pão completamente bolorento e que teve guardado junto aos restos que são dados ao cãozinho, possivelmente, vamos querer escrever no livro de reclamações! É para evitar foleiradas destas que serve a ASAE. É díficil perceber que eles só pretendem que se cumpra a lei? Que querem que as pessoas que mexem naquilo que vamos comer saibam o que fazem? Que tenham as unhas curtas e não pretas, que não tenham brincos e os cabelos de fora da touca? Que a cozinha não seja um ninho de ratos ou baratas, e tenha buracos nojentos que vão dar aos esgotos? E poderíamos dar bastantes mais exemplos que deixariam quem reclama substancialmente mais enojado! Cumprir as regras não impede ninguém de trabalhar, pelo contrário, irá fazer com que o consumidor tenha aquilo de que se fala à bastante tempo: segurança alimentar. Bolas, eu sei que isto não é uma miragem!
A minha primeira multa: estacionamento. Tenho uma vaga ideia de lá estar um sinal, daqueles redondos e com uma cruzita! E bolas, o tanso do xôr agente da autoridade ali perto. 30 €. Quando chegar o envelope maravilha à caixa do correio não vão levantar, e por favor, podem dar-me como desconhecida aí em casa. Sim? Não é pelos 30 €, bolas, é pela atitude!
Quem é que raios é o visitante das 4 da manhã? Bem-vindo! Alguém a morcegar como eu!!
Sim, e tu vais levar por tabela! Porque eu tb levei. E não tenho culpa. Porque eu não tenho culpa do teu mundo. Não tenho culpa de pensar que existes a cada segundo que passa. Não tenho culpa de ficar calada quando devia falar e de falar quando devia deixar o silêncio a pairar... Não tenho culpa de soltar as lágrimas de corrida quando tu tás por perto, quando ouço o que não gosto, e sinto o que não sei... Sim, fui arrogante. Sou sempre, não sou? Mas não tenho culpa. Sou assim. E gosto. Até tem corrido bem. Cada um defende-se como pode. Temos pena!
Acho que 179 vezes 3, dá muitos. Mais concentração, atenção, apetite de chocolates, pastilhas, sofá, frio, comando da tv, e valentes dores nas costas, o desespero total quando me faltavam pôr 6 cliques, mais não sei quantos mil caracteres que de qualquer forma vão influenciar a vida, mesmo que seja a vidinha, de alguém... Bolas, apeteceu-me dizer um gigantesco palavrão, em voz bem alta, e chorar, não baixinho, mas chorar compulsivamente com a música que mais adoro neste momento e me faz lembrar que me apetece existir. existir muito, comigo, pra mim, por mim! que posso fazer tudo, que sou tudo para alguém, que posso esquecer tudo, que sempre alguém em algum lado vai estar comigo, por mim, para mim.... mesmo que eu seja uma gaja chata, miserável e mal educada!!!!!!!!!!!
Já meio a dormir, tardérrimo, o telemóvel anormalmente ligado àquela hora, toca. Olho. Um Desconhecido chama por mim. Desperto. A curiosidade impera. Atendo. "Tou? Tou?" Nada. Do outro lado da linha apenas silêncio. Bolas, quem seria o engraçadinho? Logo "o". Normal. Passam mais uns minutos. O Desconhecido volta a chamar por mim. Atendo, com curiosidade redobrada. E desta vez não há silêncio mas palavras. Palavras rápidas, doces, quentes, familiares. Nada subtis. Directas. Improváveis. Loucas, diria mesmo. Sorri. E o Desconhecido desligou. Mas voltou a ligar... Só para me dizer que não era aquilo que me queria dizer... "Afinal o que me querias dizer?", perguntei, como sempre na minha inocência... Indecisão. Honestidade. "Sim. Era isso. E já agora, um bom ano para ti!" "Para ti também!".
06 janeiro 2008
2008 chegou. Bem disposto parece-me... Trouxe com ele novas medidas, novas decisões, o virar da página para algumas pessoas. Banal, diria mesmo. Nada de especial. Enfim, a minha perspectiva pessimista por certo está relacionada com falta de açúcar no sangue...